Tongariro Alpine Crossing. Entre Lagos e Vulcões na Nova Zelândia.

Quando percorremos uma trilha, na grande maioria das vezes caminhamos minutos, horas, as vezes até dias, até chegar a um atração principal, um “highlight”. Foi assim, por exemplo, quando cheguei aos pés do Vulcão Planchón, na fronteira entre o Chile e a Argentina. Uma longa caminhada até chegar aos pés do vulcão, e depois o retorno até o ponto de partida.

Mas a trilha sobre a qual escrevo agora é especial. A Tongariro Alpine Crossing, na Nova Zelândia, na verdade é um travessia, ou seja, não retornamos ao ponto de partida no final.  Por volta de 6 a 7 horas de caminhada, somos levados a vulcões, campos de lava, lagos com tons que variam do azul a esmeralda, paisagens desérticas e florestas, o que justifica facilmente o status de “melhor trilha de 1 dia da Nova Zelândia”, e uma das mais cobiçadas do mundo. Uma jornada épica.

tongariro_map

Mapa da Tongariro Alpine Crossing  pode ser encontrado em (https://www.tongarirocrossing.org.nz/), que disponibiliza uma série de informações essenciais para a travessia, inclusive o link para baixar o aplicativo para smartphones Android e Apple.

Portanto, a primeira dica que eu daria a todos que pensam em fazer a travessia é justamente essa: gaste algumas horas explorando as informações do site, que é bem completo.

A segunda, que eu considero importantíssima, é passar no mínimo  2 noites hospedado em uma cidade próxima. Uma opção bastante comum dos turistas é reservar exatamente 1 dia para fazer a travessia, afinal você viajou para um país sensacional e quer aproveitar ao máximo. Porém, essa estratégia é muito arriscada, devido a possibilidade de o dia pretendido oferecer condições climáticas adversas (incluindo tempestades), e você sofrer uma frustração enorme por fazer a trilha sem visibilidade, ou pior, ter que desistir por questões de segurança.

Passei 3 dias hospedado no Skotel Alpine Resort, hotel que oferece desde quartos minúsculos com banheiros compartilhados a chalés com varanda, portanto é adequado tanto para mochileiros como para aqueles que podem pagar por mais conforto. A localização é excelente, a apenas 17 km de distância do início da Tongariro. O Skotel tem um restaurante com um terraço com vista privilegiada para o Monte Ngauruhoe, a “jóia da coroa” da região, principalmente depois que se tornou mundialmente conhecido como “Monte Doom”, estrelando a  trilogia “O Senhor dos Anéis”.

Uma terceira dica é que a trilha pode ser percorrida em 2 sentidos, mas pelo que percebi durante o meu percurso, são raríssimos os turistas que não optam pelo sentido recomendado, que é do Mangatepopo  Carpark (1100 m) para Ketetahi Carpark (800 m). A razão é bem simples. Percorrendo nesse sentido, o trecho mais intenso fica para o começo, quando se está com mais energia.

A quarta dica é contratar um transfer tanto para o início como para o fim da trilha. Até recentemente, era bastante comum contratar um transfer que ia te seguindo até deixar o seu carro no fim da trilha, e lhe transportando até o início da trilha, dessa forma no final  o seu carro estaria a sua espera. Porém, atualmente está proibido estacionar nas entradas da Tongariro por mais de 4 horas. Portanto, mesmo que você esteja de carro, não será possível utilizar essa estratégia.

A quinta dica é: chegue cedo. Se possível, faça como eu fiz e comece a trilha por volta de 6 horas da manhã, porque a partir de 8 horas chegarão centenas de pessoas, o que gera um verdadeiro congestionamento em diversos trechos do percurso.

Falando especificamente da trilha, ela é bem demarcada, e como há centenas de pessoas todos os dias, não há a necessidade de guia, ou seja, embora recomendada, a contratação de um guia não é obrigatória. A Tongariro é divida nas seguintes seções:

Trecho 1: Mangatepopo – Soda Springs (~4Km)

Trecho predominatemente plano e com trilha construída com madeira, você iniciará a jornada observando riachos, vegetação rasteira, campos de lava, e terá a primeira vista do Monte Ngauruhoe. No fim, você avistará a distância a cachoeira “Soda Springs”.

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Marco 0 da Tongariro Alpine Crossing

Trecho 2: Soda Springs – South Crater  (~2Km)

Essa é a parte mais exigente de toda a trilha e você terá que encarar os 200 metros de desnível da “Devil’s Staircase” até chegar a South Crater.

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Uma pequena amostra da Devil’s Staircase

Trecho 3: South Crater to Red Crater (~2Km)

Grande momento da trilha, o início desse trecho é plano, literalmente aos pés do Monte Ngauruhoe. Em seguida precisamos enfrentar um trecho bem íngreme até o ponto mais alto da travessia, que é Red Crater. Apenas alguns passo a frente, surge ao fundo uma vista dos incríveis Emerald Lakes.

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Trecho 4: Red Crater – Blue Lake (~2Km)

Hora de ter bastante cuidado, a descida para Emerald Lakes é feita em uma estreita faixa de scoria (mistura de pedra e areia vulcânica). Prosseguimos até chegar a Blue Lake, e nos despedimos das vistas dos vulcões.

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Trecho 5: Blue Lake – Ketetahi Shelter (~6Km)

Longo percurso descendo um vale com uma linda vista de Lake Rotoaira.

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Trecho 6: Ketetahi Shelter – Ketetahi Parking (~3Km)

Nesta última etapa da trilha temos uma mudança radical de cenário, quando passamos por uma floresta densa. Depois de tudo que vimos, acaba sendo uma parte menos interessante, até pelo cansaço.

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Embora a trilha possa ser feita em 6 horas, levei 9 horas para percorrer os 19,4 km da Tongariro Alpine Crossing, contando as paradas para lanche, contemplação, fotos e, é claro, para degustar uma Monteith’s Pale Ale tendo ao fundo cenários de tirar o fôlego. Porque cada conquista deve ser celebrada. Um abraço e até a próxima.
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Celebrando mais uma conquista. Tongariro Alpine Crossing!

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