Hoje, 07/11/2021, o vulcão Cumbre Vieja, em La Palma, completa 50 dias de uma erupção que tem chamado a atenção do mundo. Rumores de que a erupção poderia provocar um tsumani com potencial de chegar até o Brasil fez com que a cobertura da atividade do Cumbre Vieja particularmente ganhasse as páginas de destaque dos principais jornais e meios de comunicação, sobretudo no Nordeste, região mais próxima da ilha de La Palma.
Nos dias que antecederam o início da erupção, com o aumento dos sinais de que o vulcão Cumbre Vieja estaria próximo de entrar em atividade explosiva, muitas pessoas que conhecem minha fama de aficionado por vulcões, inclusive da minha família, me contataram fazendo duas perguntas. A primeira, questionando se esse tsunami era realmente possível, ao passo que eu respondi que era sim, possível, mas amplamente improvável, porque isso só teria a chance de acontecer se uma grande massa da ilha de La Palma entrasse em colapso, e mesmo que isso acontecesse, seria dífícil, embora não impossível, que ondas de altura significativa atingissem a costa brasileira.
A segunda pergunta era se eu já havia visitado o Cumbre Vieja. E a resposta é que não, embora eu já tenha visitado as ilhas Canárias, mais precisamente Santa Cruz de Tenerife, ou somente Tenerife, para os íntimos.

Também integrante das ilhas Canárias, Tenerife fica a menos de 100km de La Palma, e abriga uma das maravilhas do mundo, o Vulcão El Teide, que com seus 3.718 metros acima do nível do mar e 7.500 metros acima do leito do oceano ocupa o posto de ponto mais alto da Espanha. Considerando a distância a partir do leito do Oceano, El Teide é o terceiro vulcão mais alto do mundo, logo atrás de Mauna Kea e Mauna Loa, no Havaí.
Declarado Patrimonio Mundial da Unesco desde 2007, o Parque Nacional El Teide recebeu em 2018 um total de 4.330.994 visitantes, sendo o parque mais visitado da Espanha.
A última erupção do El Teide ocorreu em 1909, e embora as imagens da erupção do Cumbre Vieja tenham chocado (e admirado) o mundo, uma erupção do El Teide teria um potencial destruidor bem maior, sendo considerado o quarto vulcão mais perigoso da Europa.

Há basicamente 2 formas de chegar até o topo do El Teide, como mostra a imagem acima, do site https://www.volcanoteide.com/en, empresa que oferece diversas atividades no parque, entre elas a subida à cratera. Por meio de uma trilha que dura por volta de 5 horas e meia, com um desnível de 1.188 metros e que exige bastante condicionamento físico, ou com o auxílio do teleférico, que cobre grande parte do deslocamento.

Nossa visita ao colosso aconteceu em maio de 2014 e optamos pela forma mais confortável. Primeiramente, é necessário pegar o teleférico, que leva da estação base , situada a 2.356 metros de altura, até a estação “La Rambleta”, que fica a 3.555 metros. Um percurso de 2.482 metros que leva de 8 a 10 minutos e que tem o bônus de poder apreciar o visual da montanha de uma vista aérea. Em seguida, é necessário ir caminhando (ou escalando?) os últimos 163 metros de desnível entre “La Rambleta” e o topo do vulcão.

Essa última etapa (163 metros) é um ambiente altamente controlado em que se permite apenas 200 pessoas por dia, sendo que só é possível permanecer na trilha por no máximo 2 horas. Para subir, é necessário reservar com bastante antecedência (recomenda-se 2 a 3 meses) por meio do site https://www.reservasparquesnacionales.es/real/parquesnac/usu/html/Previo-inicio-reserva-oapn.aspx?cen=2&act=%201. Fazendo a consulta hoje (07/11/2021) a primeira vaga disponível é apenas para o dia 06/01/2022!!!

Como eu expliquei, utilizando o teleférico, restam apenas 163 metros de desnível para chegar ao topo. Parece pouco, mas para brasileiros acostumados ao nível do mar, uma caminhada a 3.600 metros exige paciência e concentração. É como jogar futebol aos 3.600 metros de altitude de La Paz, com o detalhe que a gente não é atleta! O segredo realmente é ir com calma, se deliciando com o visual, e, é claro, parando para tirar algumas dezenas (ou seriam centenas?) de fotos!

Além da dificuldade da altitude, que torna o ar mais rarefeito, a trilha é por meio de degraus sem proteção alguma. Muitas vezes caminhamos sobre pedras soltas. Por isso, é necessário atenção e cuidado. Levamos por volta de 40 minutos para chegar até o topo da montanha.

Na cratera observamos a presença de enxofre e gases, que estão ali para nos lembrar que pisamos um vulcão ativo. O El Teide é um dos vulcões mais monitorados do mundo, e estar lá é seguro. Um dia, porém, não sabemos quando, as estações vão começar a medir alterações que vão indicar a possibilidade de uma nova erupção desse gigante!

E o Cumbre Vieja? Nem queiram imaginar minha vontade de ir lá e presenciar essa histórica erupção. Quem sabe eu ainda consigo? Mas enquanto isso, deixo aqui o relato da aventureira Dina Barile, que esteve lá e teve o privilégio de conferir tudo de perto: https://spotlife.com.br/vulcao-cumbre-vieja-completa-um-mes-em-atividade-comem-todo-seu-esplendor-devastacao-e-poder/.
Um abraço e até a próxima!